A Ambidestria do Cooperativismo, por Roberto Menezes de Vargas

Ao definir esse título, imaginei que você ao ler, ficaria no mínimo intrigado. Como assim?

Eu explico: primeiramente, o que significa ser ambidestro?

Como exemplo vou recorrer ao esporte. Um jogador(a) de futebol ambidestro é aquele que tem a capacidade de chutar com certa destreza, tanto com a perna direita quanto com a esquerda. Estendendo um pouco mais o exemplo, poderíamos recorrer à escrita: aquele que tem certa facilidade de escrever tanto com a esquerda quanto com a direita.

Pois bem, mas voltando ao nosso tema, o que isso tem a ver com o cooperativismo?

Quando nos aprofundamos na melhor compreensão dos princípios e valores do cooperativismo no mundo – especialmente aqueles praticados pelo Sicredi – e quiséssemos resumir a dois grandes pilares, poderíamos representá-los pelos dois pinheiros do símbolo universal do cooperativismo: um econômico e outro social. 🌲🌲

Agora chegamos no ponto da ambidestria. E facilmente chegamos a uma conclusão: o cooperativismo é ambidestro por natureza, desde sua origem em Rochdale, 1844, até hoje, pois sempre teve em seu propósito equilibrar o econômico com o social. Social este, hoje amplificado com olhar para as pessoas, para a comunidade, para a sustentabilidade. Portanto, somos ambidestros desde de sempre.

E como trabalhamos isso na cooperativa que faço parte?

Através de um processo estruturado de gestão ambidestra, ou gestão por propósito, que procura de forma genuína, colocar as pessoas ao centro. Mas que pessoas? Os associados, colaboradores e todos àqueles que são diretamente impactados por nossas iniciativas nas comunidades.

Mais uma vez você deve estar se perguntando: ok, mas na prática, como isso funciona?

Em relação ao público interno (colaboradores), estruturamos um programa de formação, ou melhor, de cultura, para orientar nosso time sobre tudo que fazemos, especialmente do jeito que fazemos, esteja conectado com um propósito maior que é “construir juntos uma sociedade mais próspera”.

E gerar prosperidade para quem?

Para nossos associados, razão maior da existência de uma cooperativa. Afinal de contas, são os associados que tem um cooperativa e não o contrario. Ao menos todas (cooperativas) deveriam entender e praticar isso.

E quando os colaboradores e associados compreendem isso, tudo se conecta, e a ambidestria no dia a dia se torna clara, transparente, nítida, cristalina. Com isso, as relações se tornam ainda mais relevantes, confiantes e duradouras.

Passamos a compreender que não é simplesmente uma relação financeira entre associados e cooperativa, mas sim uma relação próspera-próspera, onde para eu ganhar não precisa alguém perder, podemos sim ser como uma plataforma de transformação social, que “ambidestramente” atua para alcançar esse grande desafio no equilíbrio das relações: econômico e social (impacto nas pessoas e comunidades). É sim possível, no mundo em que viemos. É sim possível pensar coletivamente. É sim possível encontrarmos um ponto central em que podemos, juntos, coletivamente, ser melhor do que individualmente.

Vamos comunicar esse propósito para o mundo?

Vem, junto, construir uma sociedade mais próspera para todos aqueles que acreditam que o cooperativismo é sim, uma filosofia de vida, e ambidestro por natureza!

Roberto Menezes de Vargas é administrador, casado com a Sandra e pai do Matheus e da Júlia. Atua no cooperativismo há mais de três décadas e atualmente está como diretor executivo da Sicredi Ouro Verde MT.

1 comentário

  1. Isso é o que na academia chamamos de “double mission” ou “dual mission”, o equilíbrio entre o social e o financeiro.
    Parabéns pela abordagem do tema.

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