TOP COOPERS: Inovação é investimento

Dando continuidade a série especial, e exclusiva, de entrevistas com os presidentes das principais cooperativas de crédito do Brasil, o TOP COOPERS – 20, a MundoCoop conversou nessa semana com o diretor-presidente da FNCC (Federação Nacional das Cooperativas de Crédito), Wanderson de Oliveira.

Formada para representar cooperativas associadas, junto aos órgãos governamentais, instituições financeiras e todo o segmento de cooperativismo de crédito, a Federação tem a missão de proporcionar suporte técnico, estratégico e político para que as cooperativas de crédito possam se fortalecer, profissionalizar e praticar os princípios cooperativistas.

A Federação trabalha junto às entidades e órgãos estaduais e federais com o intuito de promover a melhora de condições de vida de seus associados, de forma consistente e estruturada e com uma gestão participativa e transparente.

À MundoCoop, o diretor-presidente da FNCC analisa ainda a evolução do setor de crédito neste ano e indica oportunidades e caminhos que o cooperativismo financeiro tem a percorrer com a evolução constante das tecnologias.

Confira a entrevista na íntegra!

Qual avaliação realiza sobre o setor de cooperativas de crédito em 2019, destacadamente a partir das alterações político-econômicas que vivemos no ano?

O Cooperativismo de Crédito Nacional continuou crescendo em 2019, a exemplo do que ocorreu nos anos anteriores, em operações de crédito, depósitos, número de associados, agências, postos de atendimento.O novo Presidente do Banco Central e sua Diretoria têm demonstrado total apoio ao Cooperativismo de Crédito, incluindo as Cooperativas na Agenda BC#, adotando medidas para melhora da governança, da organização sistêmica, além de permitir que as Cooperativas operem com novos produtos financeiros, como poupança rural, letra financeira, entre outros.O Presidente Roberto Campos também lançou alguns desafios para o Sistema como as Cooperativas chegarem a 20% de participação no SFN em 2022. Portanto a atual Diretoria do BACEN continua a ver as Cooperativas como um importante player do mercado, que com nossa filosofia de ajuda mútua, voltada para as pessoas, leva melhor serviços financeiros a população e com taxas justas. As Cooperativas estimulam maior competição nas regiões onde elas atuam, reduzindo assim os spreads bancários.

O que podemos esperar do setor de cooperativas de crédito, e em particular da FNCC, para 2020? Quais os desafios a vencer?

A expectativa para o Cooperativismo de Crédito é a melhor possível na medida em que a população começa a conhecer melhor as vantagens e diferenciais do Sistema, as Cooperativas melhoram a sua gestão, e o Governo apoia o modelo. Em relação a FNCC, passamos de 16 para 40 Cooperativas Federadas em praticamente um ano, o que demonstra a credibilidade da instituição e aumenta a nossa responsabilidade em oferecer cada vez mais soluções, produtos e serviços para que as Federadas possam atender adequadamente as legislações vigentes, se mantenham competitivas, e ofereçam bons serviços para os seus cooperados. Entendo que em 2020 temos de buscar uma maior padronização dos processos, procedimentos, fornecedores, prestadores de serviço das Federadas, estruturar melhor a área de gerenciamento de riscos e compliance, apoiar as Cooperativas no desenvolvimento de soluções tecnológicas e digitais. Também temos de aumentar os fóruns para discussão de temas estratégicos como: enfrentamento da concorrência, que aumenta a cada dia com novos players no mercado, Selic baixa, maior nível de regulação, necessidade de ganhos de escala.

É possível apontar oportunidades abertas para o setor?

O Cooperativismo de Crédito ainda tem pequena participação no SFN, em torno de 4%, em comparação com países desenvolvidos onde as Cooperativas possuem market share superior a 20%. E essa expansão tem espaço tanto nos centros urbanos como no interior do país, onde em muitos casos os bancos não têm interesse em atuar. Como disse, na medida que o Sistema vai ficando mais conhecido pela população, a tendência é de que as pessoas se associem as Cooperativas, já que os nossos diferenciais são grandes em relação aos bancos e demais instituições financeiras do mercado.

Já convivemos com inteligência artificial, internet das coisas e muitas outras tecnologias. De que maneira as transformações digitais contribuem e/ou desafiam o cooperativismo de crédito?

Um dos grandes desafios é acompanhar a velocidade dessas mudanças, de forma que o Cooperativismo não fique para trás. Isso exige profissionais que vivem o mundo das tecnologias e das inovações digitais, exige também muito investimento. Mas é um caminho sem volta, as novas gerações já esperam e demandam essas soluções digitais, e as demais gerações também começam a migrar para este ambiente. As Cooperativas que não acompanharem essas transformações correm sério risco de perderem mercado, já que a tecnologia também reduz custos, o que é fundamental num negócio que a cada dia as margens diminuem e o ganho de escala é necessário. O importante para o Cooperativismo é não deixar de lado a relação humana que é a nossa essência, entendo que uma coisa não exclui a outra. É fato que de modo geral, a tecnologia melhorou a vida das pessoas em todos os setores, trazendo facilidade, agilidade, autonomia, mas não podemos deixar de lado a relação humana.

Apesar de grande parte das operações diárias serem feitas a distância, de forma digital, as cooperativas de crédito têm expandido suas agências físicas, não só nos pequenos, mas também em grandes municípios, na contramão dos bancos. Essa tendência deve permanecer? Há um planejamento a respeito disso para os próximos anos?

Acredito que nos próximos anos essa expansão de agências físicas continuará acontecendo, já que é uma estratégia de divulgação do Sistema, é uma forma de se mostrar para as pessoas que ainda não conhecem, além de valorizar o contato pessoal, a conversa, o cafezinho, coisas estas que não temos mais nas demais instituições financeiras. As agências estão cada vez mais bonitas, agradáveis e com espaços para os cooperados se reunirem e falarem de projetos, negócios, realizações. Talvez no longo prazo, daqui há alguns anos, esse movimento seja ajustado na medida em que o Sistema se consolida.

Fonte: mundocoop.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *