O cooperativismo e a coletividade fazem a diferença em meio a crise, por Rodrigo Ulian Borges

O valor cooperativista está na união das pessoas, no relacionamento e na colaboração: elementos essenciais para solucionar desafios como o que vivemos. Depois dessa crise vamos conseguir entender melhor o quão forte o ser humano é quando está junto e com o mesmo propósito.

Os valores do cooperativismo e do auxílio ao próximo estão cada vez mais perceptíveis ao nosso redor. Em tempos delicados, de insegurança e preocupações sem precedentes como os que vivemos, vemos incontáveis exemplos de que a cooperação tem feito a diferença e aproximado muito as pessoas, mesmo durante o isolamento social.

A cooperação, em seu sentido mais original, simboliza a operação em conjunto que nasce da busca comum por um objetivo maior. Esta é essência do sistema Unicred RS: a coletividade que pauta nossas ações sempre colaborou para que soluções fossem construídas em meio a quaisquer adversidades. Estimular a união das pessoas em momentos como o que vivemos é o que fazemos, e este movimento cooperativista muitas vezes surge, justamente, de dificuldades e da necessidade da solução de problemas.

Quando falamos da essência do cooperativismo, temos mais do que um modelo de negócio, mas uma consciência maior pautada pelo bem comum, construído em conjunto. Isso é algo abstrato para muitos, já que há a ideia de que uma cooperativa financeira atua como qualquer outra instituição neste segmento – o que não é verdade. O relacionamento próximo com os cooperados da Unicred RS, considerando suas individualidades, oferecendo-lhes condições mais acessíveis e vantajosas, negociações e adaptações de prazos e taxas, enfim, isso tudo e mais sempre fez parte de nossa atuação cotidianamente. Não precisamos que surja uma crise para estimular essas práticas.

Os princípios do cooperativismo que nos direcionam são pautados na espontaneidade, na gestão democrática, na participação econômica, na autonomia e independência, na educação, formação e informação, na intercooperação e, finalmente, no interesse pela comunidade. Assim, temos uma base sólida para atuar assertivamente inclusive em meio a crises. É uma união que permanece e se fortalece mesmo quando há a separação física. Estar junto, neste momento, não é algo físico, mas, sim, um propósito, um ideal, que pode fazer a diferença e, literalmente, salvar vidas.

Historicamente, percebemos um movimento de que, em vários períodos de crise, as instituições financeiras tradicionais lutam para crescer, enquanto os sistemas cooperativos se expandem. Isso porque há melhores oportunidades neste modelo de prosperidade. Esta prosperidade não pode ser de uma pessoa, mas sim de todos, e agora podemos perceber que é genuíno do ser humano superar diferenças e até mesmo a competitividade em busca de um bem maior e coletivo.

A educação financeira, que incentivamos e estimulamos diariamente, também pode fazer a diferença – algo que buscamos promover como uma assessoria às boas ações e práticas, respeitando a particularidade e realidade de cada cooperado. É importante ensinar nossas crianças a fazer uma reserva sempre, pois em momentos como este podemos ter maior segurança e equilíbrio, não apenas preocupações. Esta crise e a iminência do que está por vir também nos conscientiza da importância da economia e de reservas financeiras para que, caso no futuro precisemos, estejamos mais preparados.

Mais do que tudo, neste momento estamos alinhados com nossos cooperados, parceiros e colaboradores para este bem maior. Por isso, mobilizamos nossa cooperativa para uma campanha de arrecadação de recursos para auxiliar hospitais e já obtivemos os primeiros resultados em diferentes regiões do Estado. As cooperativas estão focadas no atendimento e atuais necessidades do cooperado, colaboram em diversas frentes, mas estão também dedicadas nesta ação ao próximo.

Há uma máxima de Ênio Meinen e Márcio Port, da obra “Cooperativismo Financeiro: Percurso Histórico, Perspectivas e Desafios”, que é muito pontual: “O empreendimento cooperativo tem todo o direito de avocar para si a qualificação de ser a mais autêntica iniciativa socioeconômica de caráter comunitário. Faz parte do seu DNA. Cooperativa e coletividade local vinculam-se magneticamente, exercendo atração recíproca”. É desta atração que nascem as boas práticas e ações coletivas.

Depois dessa crise vamos conseguir entender melhor o quão forte o ser humano é quando está junto e com o mesmo propósito. Assim, poderemos dedicar esta atuação coletiva para solucionar outros problemas no mundo. Enquanto passamos por adversidades, temos novos desafios e conflitos, mas também outras reflexões e resultados. Então, vamos atender a esse chamado por evoluirmos em vários aspectos. Este é o momento de sentir o cooperativismo e de desenvolver sua prática diariamente.

Rodrigo Ulian Borges é Diretor Geral da Unicred Central RS

Fonte: mundocoop.com.br

1 comentário

  1. Agora, mais do que nunca, as Cooperativas devem estar conectadas com o seus cooperados, fazendo o que é a sua vocação, servi-lo na sua especificidade. Parabéns pelo ótimo artigo.

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