O papel do cooperativismo financeiro na economia brasileira, por Henrique Castilhano Vilares

As instituições financeiras cooperativas têm desempenhado papel fundamental no cenário econômico e a perspectiva é de que o segmento influencie ainda mais a economia brasileira no próximo ano, diante das projeções de aumento nas taxas de juros e de retração na concessão de crédito. O segmento se fortalece cada vez mais com novas regulamentações e o reconhecimento do modelo econômico por meio de medidas do governo que ampliam o campo de atuação das cooperativas e garantem mais credibilidade aos negócios.

A cada ano as cooperativas competem com mais força no mercado financeiro e se firmam como uma alternativa de modelo econômico mais rentável e vantajoso para os cooperados. Isso pode ser observado pelos números apresentados pelo setor este ano. As cooperativas cresceram 20,5% em depósito, enquanto o Sistema Financeiro Nacional (SFN) evoluiu apenas 2,6%. Em operações de crédito, as cooperativas se destacaram com crescimento de 12,9% contra 7,9 do SFN.

Ainda sobre os depósitos, vale destacar que o segmento obteve um acréscimo significativo no volume captado em outubro deste ano, enquanto o SFN teve seu pior resultado dos últimos seis anos. No 3º trimestre, o segmento atingiu participação de mercado de 5% nos depósitos totais e também no volume de patrimônio líquido.

Atualmente, as cooperativas financeiras são as únicas responsáveis pelo atendimento de milhares de pessoas em 561 municípios brasileiros (mais de 10% das localidades), onde não há qualquer tipo de atendimento bancário convencional. O movimento encerrará o ano com 7 milhões de cooperados, distribuídos em cerca de 1.100 entidades, subdivididas em 5,2 mil pontos de atendimento espalhados em todo o país.

A expansão do setor pode ser atribuída à oferta completa de produtos e serviços como investimentos, seguros, cartões, conta corrente, consórcio, previdência, poupança, entre outros, e isso tudo com os diferenciais que o modelo cooperativista oferece como taxas e tarifas reduzidas, participação nos resultados, retorno dos investimentos aplicados em prol das regiões em que atuam, entre outros benefícios.

O desenvolvimento do cooperativismo financeiro no Brasil, mais evidenciado pelas medidas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil para o setor no final deste ano, demonstra a conscientização sobre a importância de um modelo econômico que privilegia a cooperação mútua entre os indivíduos e desempenha papel fundamental na consolidação de perspectivas para a redução das desigualdades e a promoção do crescimento econômico sustentável.

No último domingo, 28, as instituições financeiras cooperativas comemoram o Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito. A data reforça o compromisso e os princípios e valores cooperativistas e, ao mesmo tempo, celebra o sucesso e o desenvolvimento do setor.

Atualmente, a economia brasileira vive um momento de incertezas e perspectivas negativas para o próximo ano. No entanto, a história nos mostra que esse cenário oferece um panorama de desenvolvimento exponencial para o setor, a exemplo do que já aconteceu em outras situações similares.

O modelo cooperativista financeiro possui uma filosofia capaz de unir crescimento econômico e bem-estar social, além de influenciar nos rumos da economia do país. Por isso, nesse momento, o papel desempenhado pelas cooperativas será fundamental na construção de uma economia mais equilibrada, sustentável e inclusiva por meio de um modelo que privilegia as pessoas em detrimento do lucro, o que contribuirá, efetivamente, para o desenvolvimento socioeconômico do país.

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Henrique Castilhano Vilares – Presidente do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob)

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