O Cooperativismo de Crédito na Região Sul do Brasil

A cultura cooperativista consolidada da região sul responde pela concentração de 44,6% dos empréstimos e mais da metade dos depósitos cursados pelo cooperativismo nacional.

Detém ainda o maior índice de participação no mercado financeiro local, bem próximo dos dois dígitos: 7,7% dos empréstimos e 9,1% dos depósitos, com tendência crescente. Individualmente, por estado, o destaque fica por conta de SANTA CATARINA que já estampava dois dígitos nos depósitos e em 2012 atingiu também essa marca nos empréstimos. A seguir, vem o RIO GRANDE DO SUL, com 7,4% dos empréstimos e 8% dos depósitos, e o PARANÁ com participação de 6% e tendência crescente. Em todos os casos, bem superior à média nacional.

A maioria das cooperativas instaladas nessa região é de natureza rural, sendo que a partir da década de 90 houve opção também pela área urbana, com o surgimento de duas centrais voltadas para esse público, uma no Rio Grande do Sul e outra em Santa Catarina, e mais especificamente a partir de 2002, o surgimento de cooperativas de empresários no Paraná, que tem no Sicoob sua principal expressão.

Esse perfil estava representado em dez/2012 por 383 cooperativas, o que corresponde a 31% do total das cooperativas brasileiras, sendo 12 centrais e 371 singulares. Entre essas, 111 eram de livre admissão (64 do Sicredi, 44 do Sicoob e três da Cecred em Santa Catarina), 148 com atuação exclusiva no crédito rural (entre as quais 136 no segmento de agricultura familiar solidária), 11 de empresários e 101 de natureza segmentada das mais diversas origens (profissionais liberais, empregados de empresas privadas e funcionários públicos).

 

Todo esse quadro justifica o fato de que as captações locais são também superiores à demanda atendida de crédito, evidenciado em dez/2012 quando os depósitos superaram em R$ 3,6 bilhões os correspondentes empréstimos . A exemplo da região sudeste, essa “sobra” de recursos, somada ao capital e aos repasses, tornam o sistema bastante líquido na região, com alta capacidade de ampliar a concessão de crédito, caso a demanda assim exija, observados os princípios de seletividade, garantia e liquidez.

A predominância na região sul é do Sicredi, que manteve a participação de 53% dos empréstimos do sistema cooperativista local, porém viu diminuído seu market share em relação aos depósitos para 48,1%, contra 53% em 2011. Quem puxa essa predominância são os estados do RIO GRANDE DO SUL – onde o Sicredi movimenta 84% dos recursos cooperativistas – e o PARANÁ, com 55%. Já em SANTA CATARINA, a predominância é do Sicoob, com 43,7% dos empréstimos e 53% do total dos depósitos, com crescimento de 10 pontos percentuais em relação a 2011. Isto porque o Sicoob em Santa Catarina apresentou incremento de 89% nas respectivas captações, superando todas as expectativas (veja gráfico a seguir).

A análise da participação dos demais segmentos e dos movimentos ocorridos em 2012 é resumida abaixo, por estado:

  • RIO GRANDE DO SUL: depois do Sicredi, as principais presenças são da Unicred, com 7% dos empréstimos e 10,3% dos depósitos, em ambos os casos superiores à participação de 2011. Logo a seguir, vem a Confesol, que manteve 6,5% dos empréstimos e aumentou sua participação nos depósitos para 3,2% (contra 2,8% em 2011). O Sicoob e o grupamento independente não possuem relevância estatística no estado. A pequena margem de perda de market share em relação aos demais sistemas cooperativistas não chega a abalar a liderança do Sicredi no estado;
  • SANTA CATARINA: depois do Sicoob, prevalecem sistemas de dois níveis, com 21,5% dos empréstimos e 23% dos depósitos. O expoente desse grupamento é o Sistema liderado pela Cooperativa de Crédito Central de Crédito Urbano de Santa Catarina – Cecred, que, embora sem alcançar o desempenho de 2011, registrou crescimento de 28% em depósitos (saiu de R$ 1.521 milhões para R$ 1.949 milhões) e 40% em empréstimos (de R$ 894 milhões para R$ 1.252 milhões). O subsistema Unicred aparece em terceiro lugar, com 18,8% dos empréstimos e 15,8% dos depósitos, seguido pelo segmento de agricultura familiar solidária, com menos de 10%. O Sicredi representa menos de 3% do cooperativismo de Santa Catarina.
  • PARANÁ: depois do Sicredi, aparece o Sicoob, com 16,2% dos empréstimos e 18,3% dos depósitos, mantendo a tendência crescente já detectada em 2011. O Unicred zerou sua posição no estado, devido à dissidência da Central do Paraná, o que fez com que o único grupamento de segundo nível no estado alcançasse a participação de 7,3% nos empréstimos e 11,7% nos depósitos do cooperativismo local. O grupo das solteiras fechou 2012 com participação de 9,1% dos empréstimos e 8,5% dos depósitos. Já o grupo de agricultura familiar solidária ficou com 11,5% dos empréstimos e apenas 4,6% dos depósitos, o que se justifica pelo fato desse segmento trabalhar bastante com repasses de recursos governamentais.

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