O Cooperativismo de Crédito na Região Nordeste do Brasil

Fonte: Cartilha do Sistema Sicoob sobre a Evolução do Sistema Cooperativista de Crédito Brasileiro em 2012 (veja o link)

Em 2012, a região nordeste reunia 119 cooperativas, sendo 6 centrais e 113 singulares que, juntas, representavam 9,5% do total das cooperativas brasileiras. As singulares estavam distribuídas entre 17 de livre admissão, das quais 8 oriundas do setor rural (filiadas ao Sicoob Nordeste e Bahia), 6 de origem urbana (filiadas ao Unicred) e mais 3 Luzzattis (uma filiada ao Sicoob e duas solteiras); 38 de crédito rural; 3 de empresários; e 55 de natureza segmentada, das quais 18 atuando na área de profissionais da saúde.

Trata-se de uma região onde a demanda por crédito é maior do que a geração de depósitos. Em 2012, os depósitos eram de R$ 1,7 bilhão, contra empréstimos de R$ 2,1 bilhões. Assim, a exemplo da região norte, o atendimento das demandas de crédito é suprido por meio de repasses e, principalmente, capital. Essa estrutura é típica do cooperativismo nordestino, de natureza mais urbana, e também do perfil pouco poupador da região.

Entre os segmentos beneficiários do cooperativismo de crédito, destaque absoluto para a área dos profissionais da saúde, enquanto a área rural encontra-se coberta basicamente na Bahia e por movimentos esporádicos em outros estados.

Não por acaso, o principal movimento cooperativista na região é o subsistema Unicred, que em 2012 aumentou sua participação para 78% dos empréstimos e depósitos, contra 75% em 2011. Essa liderança só não é exercida no estado da Bahia devido à atuação do Sicoob, que detinha 62% dos empréstimos e depósitos do cooperativismo local, contra 21% da Unicred.

Em relação a 2011, a PARAÍBA manteve a dianteira na concessão de empréstimos, com 32% do total, e superou também a Bahia nos depósitos, com 23% contra 20%. Vale ressaltar que em 2010, a BAHIA participava com 26% dos depósitos na região nordeste, e seu decréscimo decorreu do ritmo proporcionalmente superior imposto pela Paraíba e por Pernambuco.

Os esforços de captação desses últimos estados mantiveram-se em 2012, com reflexo no aumento da participação no sistema financeiro local tanto na Paraíba, que saiu de 3,2% para 3,7%, quanto em Pernambuco, de 0,53% para 0,63%. A Paraíba, por sinal, é destaque absoluto na região já que, além da boa participação nos depósitos do sistema financeiro local, detém também 6,5% dos empréstimos, com pequena queda em relação a 2012, porém nada capaz de abalar sua liderança. Logo a seguir vem o estado de ALAGOAS, com 2,6% dos empréstimos e 2,3% dos depósitos, sob o comando da Unicred, a exemplo da maioria dos estados da região.

Mesmo com destaques individuais, a participação do Nordeste no sistema financeiro local continua com os piores índices qualitativos do Brasil, com 1,5% dos empréstimos e 1,0% dos depósitos. A organização do cooperativismo local, em base essencialmente urbana e, portanto, mais demandante por crédito do que gestor de poupança, responde pela baixa participação em depósitos. Nem mesmo na Bahia, que possui base rural, o índice pode ao menos ser considerado razoável, já que representa apenas 0,8% do total dos depósitos ali cursados.

Nesse contexto, podem-se extrair duas conclusões:

a) a paulatina inserção das modalidades de empresários e de livre admissão adotadas pelo Sicoob na Bahia, e pela Unicred em outros estados, ainda não se mostrou suficiente para reverter o modelo operacional típico das cooperativas de natureza urbana: baixo nível de captação e forte demanda por crédito;

b) o crescimento do cooperativismo local continua na dependência de modelo organizacional que permita melhorar a capacidade de captar recursos, insumo básico ao desenvolvimento operacional.

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